sábado, 9 de abril de 2011

Saudades dos Amigos - Rui Almeida


Faz hoje dois anos que perdemos um Especialista, um Modelista, um Entusiasta de Aviação e, alguns de nós, um Amigo. Chegou ao fim o seu sofrimento o que, é sempre, e apesar de tudo, um alívio, sobretudo para que o viu sofrer. Hoje, porque calhou, fui lá a casa com um outro Amigo, falar com a esposa, para ver o que a família entendeu doar ao Museu do Ar e, constatei tristemente, que no fim da nossa vida tudo se resume a meia-dúzia de caixotes, cheios de pó e amarrados com sisal ou fita-cola castanha. Foi um Homem exemplar em todos os sentidos da sua vida, mas quis o destino que o Encapuçado o ceifasse (...cedo de mais, digo eu). Vá lá, deixou de sofrer, dizemos todos entredentes, tentando consolar a Saudade e o vazio deixado no seu lugar. A memória atraiçoa-me sempre, quando preciso dela, conheci-o no seio da AEFA e daí para o modelismo, a Luso-Fanatics, as visitas aos aviões, a fotografia, e outras deambulações aeronáuticas. Partilho hoje estas imagens que, só me lembram coisas boas, que é o que é preciso, e o que conta afinal. QUE SAUDADES «MEU MENINO»! Quando aí chegar temos de combinar umas idas ao Montijo, para passarmos pelo “Aviãozinho”, para encher o bandulho de bolos sob o pretexto de levar alguns para a “patroa” que ficou em casa... Fica aqui também um bocado do seu legado, impresso nas páginas da Luso-Fanatics. 

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O último Rugido do Puma


Mais de seis meses após a conclusão inicialmente prevista para a Operação Fénix, cuja duração incial era de dois anos, fecha-se mais um ciclo, quem sabe se o derradeiro, da frota Aerospatiàle SA.330S1 Puma, e também da Esquadra 752.

Terminou ontem, 5 de Abril de 2011, às 10 horas da manhã, o último Alerta SAR, com a rendição a cargo do EH-101 Merlin da Esquadra 751, do Destacamento Aéreo dos Açores, na Base Aérea nº4, nas Lajes. Sem pompa e circunstância, volta a FAP a recolher os Puma, que desde 24 de Setembro de 2008 até hoje efectuaram centenas de horas de voo, na sua grande maioria na Busca e Salvamento, e Evacuações Médicas, quer no imenso Atlântico, quer no espaço inter-ilhas.

Para a História ficam os números e as memórias dos momentos vividos num espírito que é único e que liga as gentes do ar, ás gentes que dependem do socorro vindo do céu, quer os que no imenso azul lutam para o seu sustento e a sobrevivência de outros, como aqueles que, no seu dia-a-dia não podem ser culpabilizados por viverem uma realidade em que dependem de outros para os mais básicos cuidados de saúde.

O pessoal da Esquadra 752, esforçado e re-esforçado no cumprimento da sua Missão, manteve até ao fim a serenidade e abnegação de quem sabe que a sua realidade do dia-a-dia, a realidade operacional e familiar, apesar de difícil e complicada, nada vale em face daqueles que erguem os braços em sinal de auxílio à espera que as gentes do ar, de espírito aguerridamente felino, os resgatem literalmente para o céu.

Como disse um dia numa outra situação semelhante, não fui mecânico, nem piloto, nem tão pouco recuperador, nem estive de algum modo ligado aos Puma ou às esquadras de voo que o operaram, mas confesso que me identifico com a Vossa Dor agora que é chegada a hora da partida, e por isso sinto um enorme pesar, e por isso sinto uma dor no peito que não consigo transparecer em palavras. Como as sucessivas gerações de Dédalos e Ícaros, que voaram e fizeram voar o Puma, em missões de Guerra e em missões de Paz, já sinto também a Saudade, agora que é hora da partida.

Foi este o último rugido do Puma … (será?)


Rui “A-7” Ferreira

Entusiasta de Aviação